Platini tenta apurar transferências de jogadores

Matt Scott
Sexta-feira, 22 de Junho de 2007

The Guardian

Michel Platini, Presidente da UEFA, vai manter conversações com Sepp Blatter no início do ano que vem, com o objetivo de obter para a UEFA a responsabilidade de regularizar transferências internacionais entre clubes europeus.

Atualmente, todas as contratações internacionais caem nos braços da FIFA, mesmo daqueles que cruzam a fronteira entre a Inglaterra e a Escócia. Mas a ineficiência do sistema foi destacada pelo fato de 13 das 16 transferências expostas pelo relatório do Inquérito como contendo supostas irregularidades envolvendo clubes estrangeiros.

O Presidente da UEFA pretende usar seu bom relacionamento com a FIFA, para quem ele trabalhou como conselheiro especial, para discutir a devolução da permissão de transferências do corpo global. Seria um primeiro passo para a administração da UEFA, e o êxito para isto vai exigir todo o poder de diplomacia de Platini.

Embora a FIFA esteja disposta a aprovar tais medidas, como a exigência da inglesa Associação de Futebol (FA) para que agentes registrados no estrangeiro assinem acordos formais, concordando em respeitar as normas do esporte na Inglaterra antes de atuar em clubes ingleses, ela estaria relutante em permitir que a UEFA se envolva nas transferências.

A UEFA é considerada pela FIFA como uma mera organizadora de competições, mas sustenta que a aplicação do regulamento seria mais efetiva se fosse compartilhada, cabendo à FIFA a responsabilidade pelas transações intercontinentais e, às associações nacionais, decisões sobre transferências domésticas internas.

Há alguns anos, a FA vem pressionando a FIFA para ficar mais envolvida no controle das transferências. A FA comandou a maioria das investigações sobre as práticas suspeitas de agentes estrangeiros operando na Inglaterra, e remeteu seus resultados ao Conselho da FIFA.

Em razão do progresso alcançado, o grupo de trabalho semi-independente para questões financeiras da FA está revisando os procedimentos de transferências da FIFA, com o objetivo de apertar o cerco ao controle do mercado de transferências no mundo, atualmente obscuro.

Zahavi silencia em Zurich

A FIFA tem dificuldades em apurar a identidade dos agentes internacionais que mascararam o envolvimento de Pini Zahavi no Caso Ashley Cole. O agente israelense, que ameaçou entrar com uma ação legal contra a Premier League por ter sido citado no relatório final do inquérito, assistiu à reunião no Royal Park Hotel,em janeiro de 2006, que deixou a bola rolando na transferência de Cole ao Chelsea. Há 12 meses, a FIFA elaborou um dossiê com evidências, mas adiou suas considerações finais até que o apelo do agente de Cole, Jonathan Barnett, seja analisado. Ele se recusou a apelar em dezembro, mas o caso ainda não foi apreciado na sede da instituição, em Zurique.

A FIFA alegou que seu Comitê de Jogadores sempre tem centenas de casos pendentes, e deve obter as alegações de defesa antes de se posicionar sobre as acusações. Isto dificilmente inspira alguma confiança ao comando de Stevens na FIFA, se casos assim, tão simples, levam tanto tempo para serem examinados.

(The Guardian, http://football.guardian.co.uk/Columnists/Column/0,,2108648,00.html, 22/06/2007)