Justiça russa recebe pedido britânico para extraditar Lugovoi
Moscou, 28 mai (EFE) - A Procuradoria Geral da Rússia recebeu hoje das autoridades britânicas o pedido de extradição do empresário russo Andrei Lugovoi em relação ao assassinato do ex-agente Aleksandr Litvinenko, morto em novembro de 2006 em Londres.
O Ministério de Assuntos Exteriores britânico confirmou hoje que pediu oficialmente à Rússia a extradição do ex-agente do KGB, acusado pela justiça britânica do assassinato de Litvinenko.
O embaixador do Reino Unido em Moscou, Anthony Brenton, afirmou que havia entregado pessoalmente o pedido de extradição, que se sustenta na Convenção Européia de Extradição, na sede do Ministério de Assuntos Exteriores russo.
"Posso confirmar que nosso embaixador entregou oficialmente os papéis nos quais é pedida a extradição de Andrei Lugovoi", disse uma porta-voz do Foreign Office.
A Rússia confirmou que recebeu o pedido. "Hoje, segunda-feira, chegaram à Procuradoria os documentos de pedido de extradição de Andrei Lugovoi", disse um porta-voz da repartição à agência "Interfax".
Na terça-feira, a Procuradoria britânica anunciou que tinha provas suficientes para acusar Lugovoi, empresário e ex-agente do KGB, do envenenamento premeditado e conseqüente morte de Litvinenko.
As autoridades russas sustentam que o artigo 61 da Constituição impede a extradição de um cidadão russo e, por isso, não entregarão Lugovoi em hipótese alguma para que seja processado no Reino Unido.
O procurador-geral da Rússia, Iúri Tchaika, deixou em suspenso a possibilidade de o ex-agente do KGB ser julgado em território russo, caso as autoridades britânicas tenham provas suficientes contra Lugovoi.
No sábado, durante uma reunião na Alemanha, o procurador-geral britânico, Lorde Peter Goldsmith, pediu que Tchaika coopere com a Justiça britânica, já que Litvinenko, que se mudou de Moscou para Londres em 2000, era naturalizado cidadão do Reino Unido.
"O assassinato foi cometido em território britânico, as provas estão nesse território, um cidadão britânico foi assassinado e outras pessoas foram colocadas em perigo. Por isso que é seu direito que um suspeito seja levado perante a Justiça do Reino Unido", disse.
Aleksandr Litvinenko morreu em 23 de novembro de 2006 no hospital do University College de Londres devido à alta concentração em seu sangue de doses de Polônio-210, uma substância radioativa altamente tóxica.
O ex-espião adoeceu três semanas antes, após se reunir com Lugovoi e com outro russo, Dmitri Kovtun, no hotel Millenium em Londres, onde tomou uma xícara de chá.
Na semana passada, Lugovoi se disse inocente e qualificou as acusações feitas pela Justiça britânica de "políticas".
"A acusação, sem dúvidas, tem um cenário político. Eu não matei Litvinenko, não tenho qualquer relação com sua morte", disse.
Lugovoi, que abandonou os serviços secretos russos em 1996 para trabalhar em uma empresa privada, reuniu-se até quatro vezes com Litvinenko em Londres entre meados de outubro e o dia em que o ex-agente do KGB foi internado.
Detetives britânicos encontraram rastros do isótopo polônio 210, substância radioativa altamente tóxica, nos aviões nos quais Lugovoi voou a Londres e voltou a Moscou, e também nos quartos de hotel onde ele ficou hospedado.
Em dezembro, o ex-agente do KGB foi interrogado em Moscou por representantes da Justiça britânica e agentes da Scotland Yard na presença de membros da Procuradoria russa.
(UOL, Últimas Notícias, http://noticias.uol.com.br/ultnot/efe/2007/05/28/ult1807u37064.jhtm, 28/05/2007, 13h53)
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