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Noticiário - Antonio Roque Citadini

Tuesday, March 28, 2006

Schröder propõe defender os interesses da Rússia no Ocidente

O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder levou na segunda-feira a Moscou um polêmico projeto para criar na Alemanha uma estrutura para defender os interesses da Rússia no Ocidente, informou hoje o influente diário de negócios russo "Kommersant".

Schröder propõe defender os interesses da Rússia no Ocidente

Schröder, que após deixar seu posto oficial obteve um cargo na direção da companhia russo-alemã Gasoduto da Europa do Norte (NEGP), apresentará seu projeto ao presidente russo, Vladimir Putin, com quem mantém uma relação pessoal muito próxima.

Segundo o diário, Schröder propõe criar na Alemanha um grupo para formar no Ocidente uma imagem atrativa da Rússia, defender seus interesses econômicos e assegurar uma cobertura informativa propícia a projetos russo-germânicos, como o NEGP.

No entanto, o "Kommersant" informa que o projeto suscitou receios tanto na Alemanha, já que prevê um financiamento com "doações" do empresariado russo, como no Kremlin, que teme que tal idéia prejudique suas relações com a chanceler Angela Merkel.

O aspecto financeiro parece incomodar pessoas que Schröder deseja atrair a seu projeto, como Klaus Mangold, membro da junta diretora do consórcio Daimler-Chrysler e o presidente do Comitê Alemão de Comércio com os Países do Leste.

"Conheço essa proposta, mas acho que, se se trata de uma estrutura alemã, esta deve ser financiada por companhias alemãs, e não russas. Caso contrário, sua independência será prejudicada", disse Mangold ao jornal russo.

Alexander Rahr, analista do Conselho de Política Externa alemão, disse ao "Kommersant" que o financiamento das entidades que impulsionarão a cooperação bilateral deve ficar a cargo de fundações não-governamentais, empresas alemãs, estruturas da União Européia e, em parte, do Governo da Alemanha, mas não da Rússia.

Segundo fontes do jornal, Schröder propôs nomear como dirigente do novo centro seu velho amigo Volker Ruehe, que na década de 1990 foi ministro da Defesa no Governo do chanceler Helmut Kohl.

Analistas consultados pelo jornal consideraram "lógica" a proposta de Schröder, mas destacaram que a reputação do ex-chanceler foi prejudicada depois que aceitou a oferta do monopólio russo Gazprom para dirigir o Gasoduto do Norte, para levar gás russo à Alemanha e à Europa pelo Mar Báltico.

Após a recente guerra do gás entre Rússia e Ucrânia, que afetou às provisões aos países da União Européia, a construção do NEGP - evocado para evitar que as exportações russas dependam das condições de passagem por terceiros países - é vista na Alemanha, Polônia e nos Estados bálticos como um projeto político.

Além disso, Mengold disse que nos países europeus observa-se com temor a política do Kremlin com o objetivo de ampliar a presença do Estado nas grandes companhias, sobretudo do setor energético.

Neste contexto, segundo o "Kommersant", o Kremlin teme que seu respaldo aberto à iniciativa de Schröder repercuta de forma negativa nas relações com Berlim às vésperas da visita de Merkel a Moscou, prevista para o fim de abril.

EFE

(Rússi@net, http://www.russiahoje.net/artigo-3064.html, 28/03/2006, 23h14)