Outro chefão

Outro chefão

O exemplar procurador geral da República, Antonio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal que o Mensalão era "uma quadrilha" de 40, chefiada por José Dirceu. O PT adora uma quadrilha e sobretudo um chefão de quadrilha. Seja ele um quadrilheiro nacional ou internacional.

O chefão da máfia russa, Boris Berezovski, condenado lá a 20 anos de cadeia por golpes financeiros e crimes públicos, foragido, procurado pela Interpol na Suíça, na França e outros países, e asilado na Inglaterra por seu parceiro Tony Blair, apareceu hospedado, dias atrás, no Hotel Unique, de São Paulo, com o nome de Platon Yelenin, dizendo que veio comprar a Varig.

Por precaução, quando soube, a polícia paulista mandou três viaturas para a frente do hotel, mas ele tinha negociado autorização do governo brasileiro. Mesmo assim, nem voltou mais para o hotel. Desapareceu de novo. E, surpreendentemente, quem apareceu às carreiras no hotel, para lhe dar cobertura, foi o deputado Vicente Cândido, do PT de São Paulo, que também foi com ele até a Varig, não se sabe se como segurança ou agente financeiro.

Cândido Vicente

O Vicente Cândido não é tão cândido assim. Disse que "o magnata tem interesse, além da Varig, em energia e petróleo, já teve empresa do setor e tem uma leitura favorável". Cândido leu na "Folha" as "leituras" do Boris:
"Berezovski arrematou a Aeroflot, estatal soviética, por uma fração de seu valor. Participou do desvio de US$ 600 milhões da empresa. Condenado por diversos crimes em seu país, foi acusado em negócios fraudulentos no ramo de petróleo, em assassinatos, lavagem de dinheiro e financiamento de grupos guerrilheiros. A relação dele com o Brasil começou com o investimento da MSI no Corinthians, através do iraniano Kia Joorabchian".

O Boris, aliás Yelenin, tem uma biografia didética para o PT, que ainda está na fase das cuecas, mensalões, Dirceus, Delubios, Genoinos e Berzoinis. Uma biografia menos "cândida" que as do chefão Ali Babá e seus 40 ladrões.

Sebastião Nery

(Tribuna da Imprensa, www.tribunadaimprensa.com.br, 08/05/2006)